Flory Kruger[1]
22 de junho de 2024

Estamos reunidos aqui hoje em Belo Horizonte para levar a cabo o ato de permutação do Bureau da FAPOL, permutação que realizamos a cada dois anos.

Antes de dar a palavra aos meus queridos amigos dessa mesa, quero fazer um breve comentário em relação ao título deste encontro: “O escândalo da enunciação”.

Título paradoxal já que o escândalo para nós psicanalistas seria a não enunciação.

Nossa orientação é precisamente ir além dos enunciados, encontrando-nos com a enunciação, mas é certo que, nesse sentido, e aqui está o paradoxal, a enunciação tem algo de escandaloso para o outro, pelo desconhecido que se mostra ali. Portanto, chegar a ela em um processo de análise, seria mais que um escândalo, um êxito, ainda que conhecê-la seja escandaloso para o analisante.

Tentando relacionar o escândalo da enunciação com a permutação, que é precisamente o que nos reúne hoje, eu diria que o escândalo seria a não permutação.

Por isso, produzir essa mudança a cada dois anos, permite aos colegas que ocupam os lugares de condução ter a oportunidade de incluir sua própria enunciação no trabalho que realizam.

Em 2020, quando me despedi de minha função como presidente da FAPOL, dando lugar a Viviana Berger como futura presidente, junto a Ricardo Seldes como vice-presidente e a Iordan Gurgel como secretário, utilizei a metáfora do caminho de terra para comentar como havia encontrado a FAPOL no começo de minha presidência, mas também disse ao me despedir que deixávamos para o futuro Bureau o caminho asfaltado embora ainda com alguns buracos.

Hoje, depois de quatro anos decorridos e de duas permutações, depois de ter escutado a discussão das diferentes mesas, posso dizer que esse caminho se converteu em autopista.

Obrigada, queridos amigos, obrigada pelo trabalho que realizaram, obrigada aos colegas das três Escolas da América que sustentam os Observatórios, as Redes e as publicações. Sem o trabalho de cada um de vocês isso seria impossível.

E um obrigado especial a nossa querida presidenta da AMP, Christiane Alberti, que com seu bom saber fazer acompanha da melhor maneira o desenvolvimento e crescimento de todos os espaços da AMP.

Agora escutaremos a palavra de Christiane Alberti, presidenta da AMP, depois a palavra do presidente sainte, Ricardo Seldes, e finalmente a palavra da presidenta entrante Fernanda Otoni, a quem desejo um frutífero trabalho junto a Gaby Camaly e María Hortensia Cárdenas nesses próximos dois anos que têm pela frente.

Tradução: Gustavo Ramos
Revisão: Paola Salinas


[1] Presidenta Honorária da Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacaniana (FAPOL), Analista Membro da Escola (AME) pela Escuela de la Orientación Lacaniana (EOL) e pela AMP.